Memória



Pés no chão, imensidão escura
Cura a alma, acalma o coração
Na contramão do turbilhão de agrura
A pura, crua e fria solidão

Mas todo mal, afinal, tem fim
Jardim de carmesim também pode florir
Ao rir, mentir, sorrir vejo a luz em mim
Enfim, no fim, o caos se vai dormir

E sobre o manto negro da noite
Desponte e se afronte o seu eu
Doeu, sofreu, mas tudo é uma ponte
Escale o monte e encontre seu adeus

Enxergue as coisas boas que hão de vir
Sentir o arder de um novo amanhecer
Beber do elixir do explodir
Sorrir com o esquecer do seu sofrer

Pois não há como suprir o peso do mundo
E todo mundo sabe que é verdade
A cidade do seu tudo traz o vulto
O vulto da imagem, da saudade.

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