Sublimar

Eu estava navegando, remando,
Lutando contra a ventania feroz.
Tentando não ser meu próprio algoz.
Aos poucos me entregando, afundando.

Somente em meu interior encontro paz.
Sublimo. Voo para bem longe. Sou solidão.
Enquanto meu corpo deriva sem direção,
Na imensidão do mar. Um instante tão fugaz.

Sou cada pétala da rosa que murchou.
Em cada esquina, cada copo, cada história.
Mas eu bem sei que não se apaga uma memória.
Sei que tu lembras que eu lembro quem eu sou.

A água emerge, e aos poucos me devora.
Se ao fim do mundo o que me resta é sonhar,
Fico feliz de ser seu rosto o meu lembrar.
A tempestade é sombria e me afoga.

Quando, aos poucos, tudo vai ficando escuro.
Tudo que eu consigo ver é ilusão.
Meu corpo expurga a última canção.
Mas ao final é tua voz o que eu escuto.

Sou cada gota deste mar que me afogou.
Em cada esquina, cada copo, cada história.
Mas eu bem sei que não se apaga uma memória.
Sei que tu lembras que eu lembro quem eu sou.

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